Universidades e institutos federais precisam acelerar transformação digital
Auditoria do Tribunal de Contas da União apontou carência de infraestrutura, como o acesso à internet banda larga, que só atende a um terço das Instituições Federais de Ensino
RESUMO
- O TCU realizou levantamento para inteirar-se sobre o planejamento e a oferta de cursos pelas Ifes frente à necessidade de transformação digital no setor produtivo.
- “O setor é fundamental para os destinos do País. A matéria é instigante e exige profissionais com mente aberta”, apontou o ministro-relator Walton Alencar Rodrigues.
- A expectativa é que, até 2030, a inteligência artificial e a robótica extingam três de cada dez postos de trabalho, criando outros no lugar, bem mais especializados.
- “Profissionais sem aptidão para utilizar tecnologias digitais estão fadados à obsolescência e ao desemprego”, alertou o ministro Walton Alencar Rodrigues.
- As metodologias de ensino-aprendizagem mediadas por tecnologias digitais encontram-se prejudicadas pela deficiência da infraestrutura nas Ifes.
- O acesso à internet banda larga, por exemplo, atende plenamente apenas 33% das Instituições Federais de Ensino Superior”, enfatizou o ministro-relator do TCU.
- O MEC não possui política centralizada que abarque ações de fomento, capacitação de docentes, entre outros temas fulcrais para a transformação digital.
O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou, sob a relatoria do ministro Walton Alencar Rodrigues, levantamento com o objetivo de inteirar-se sobre o planejamento e a oferta de cursos pelas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) frente às necessidades do processo de transformação digital no setor produtivo, e sobre as ações do Ministério da Educação (MEC) a respeito desse tema.
“Transformação digital é o conjunto de ações necessárias à reestruturação dos procedimentos das organizações públicas e privadas, empreendidas mediante a intensificação da utilização de tecnologias e práticas digitais, para melhorar o desempenho, ampliar o alcance e obter os melhores resultados”, explicou o ministro-relator Walton Alencar Rodrigues.
“O setor é fundamental para os destinos do País. A matéria é instigante e exige profissionais com mente aberta para dela tratar. Os reflexos desse processo sobre a educação das novas gerações e sobre o mercado de trabalho são imensos. A expectativa é que, até 2030, a inteligência artificial e a robótica extingam três de cada dez postos de trabalho tradicionais hoje existentes, criando outros, bem mais especializados, no lugar”, complementou o ministro.
O membro do TCU entende que profissionais sem aptidão para utilizar tecnologias digitais estão fadados à obsolescência e ao desemprego. Walton Alencar Rodrigues crê que eles serão os “analfabetos do futuro”. “Instaura-se o período das tecnologias 5G e 6G. Países que, tempestivamente, não as adotarem, ficarão para trás, em um mundo caracterizado pela intensa competição”, asseverou o ministro-relator.
“Vale a pena lembrar que, sob o pálio da 4G, aprimoraram-se e surgiram entes como o Uber, a Khan Academy, a Amazon e tantos outros empreendimentos socialmente relevantes – e só com a tecnologia 4G, esses empreendimentos poderiam ter surgido na feição atual. Com a 5G, inimagináveis outros empreendimentos surgirão. Será uma tecnologia, sobre surpreendente, verdadeiramente revolucionária”, vislumbrou o ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo na Corte de Contas.
“As metodologias de ensino-aprendizagem mediadas por tecnologias digitais, entretanto, encontram-se prejudicadas pela deficiência da infraestrutura que suporta as atividades didático-pedagógicas. É notória a carência das Ifes de infraestrutura compatível. O acesso à internet banda larga, por exemplo, item básico para diversas tecnologias digitais, atende plenamente apenas 33% dessas instituições”, alertou o ministro do Tribunal de Contas da União.
“Em que pese a existência de algumas ações, o MEC não possui política centralizada que abarque ações de fomento, capacitação de docentes, fórum institucionalizado de comunicação entre setores acadêmico e produtivo, definição de recursos tecnológicos prioritários e financiamento de infraestrutura tecnológica, entre outros temas fulcrais para o aperfeiçoamento dos cursos em função da transformação digital”, observou Walton Alencar Rodrigues.
“Se, como diz a ciência, o planeta Terra surgiu há quatro bilhões de anos; o homo sapiens, há 200 mil anos; a linguagem falada, há meros 50 mil anos; a agricultura, há 10 mil anos; a escrita suméria, há 5 mil anos; a revolução industrial, com o motor a vapor, há 200 anos; a humanidade poderá estar agora na fronteira de novos e significativos desenvolvimentos”, anteviu o ministro da Corte de Contas.
A unidade técnica do TCU responsável pela instrução do processo foi a Secretaria de Controle Externo da Educação, da Cultura e do Desporto (SecexEducação). O relator é o ministro Walton Alencar Rodrigues.
FONTE: Tribunal de Contas da União – TCU – 09/06/2021.
FOTO: Pixa Bay.
TC nº 037.081/2020-9.